Sunday, 28 September 2008

O Quinto Fim de Semana

Este fim de semana, ao contrário dos outros, não começou na sexta-feira, mas sim no sábado. A sexta à noite foi para dormir, porque tínhamos combinado ir a Éfeso no sábado de manhã cedo para aproveitar bem o dia lá.
Levantamo-nos cedíssimo e executamos o nosso ritual para sair de İzmir, apanhar o dolmuş (minibus) para a Otogar e daí o autocarro para Éfeso. Ao chegarmos a Selçuk, fomos surpreendidos por a última paragem ser aí e não onde nós queríamos ir. Resignados, decidimos visitar primeiro esta cidade e depois então apanhar um dolmuş até Éfeso.



Voltámos então para a estação e entrámos num dolmuş para Éfeso, que nos deixou a 1 quilómetro do nosso destino. Aí fomos abordados por um taxista que nos queria vender uma viagem a Meryam Ana e depois à porta superior de Éfeso. Não existe nenhum dolmuş para Meryam Ana, logo se queríamos visitar a casa de Maria, a única solução era ir de táxi. Para início de conversa ele propôs 50 liras, o que a dividir por dois era muito, já que temos que pagar 11 liras para a entrada em Meryam Ana e 20 em Éfeso. Assim, ficaria em 56 liras para cada um, mas depois de explicarmos que éramos yabanci öğrenci (estudantes estrangeiros), ele desceu o preço até 35 liras, logo 48,5 cada.



Mesmo assim achámos muito caro e despedimo-nos, mas, ainda não tínhamos andado 10 metros, quando nos aparece um casal de turistas irlandeses a perguntar se íamos para Éfeso. Respondemos que sim e perguntamos se eles já tinham ido a Meryam Ana, ao que eles responderam que não, porque lhes tinham pedido €60 pela viagem (Oha Çüş!), ora, se tomarmos para taxa de câmbio 1,75, simplificadamente, temos um preço de 105 liras, mais do dobro do que nos pediram. Entretanto, aparece-nos novamente o taxista e propõe-nos 45 liras para os quatro, ao que nós respondemos 40 e temos negócio. Ele aceitou, e assim conseguimos ver tudo por 41 liras, menos 15 do que o inicialmente proposto. O meu Pai deu de certeza uma mãozinha, porque senão seria muito difícil isto acontecer, eu te dou graças, Abba.



A viagem foi bastante longa, a casa onde Maria viveu é realmente no topo da montanha, praticamente inacessível senão através de automóveis. Seria interessante que houvesse uma peregrinação desde Éfeso até Meryam Ana, visto que o caminho é muito difícil, e prepararia o peregrino para o que iria encontrar. Mas, com pouco tempo, o táxi foi o melhor que se pôde arranjar. Ao chegar a Meryam Ana, pode-se sentir de imediato que estamos num lugar diferente e especial, o silêncio que todos cumprem, a beleza do próprio sítio (acabei mesmo agora de ler uma catequese do Kiko acerca da beleza a propósito do cântico Formosa és, Amiga Minha) e a calma são prova disto.



Entramos primeiro para um pátio, que conduz a uma escadaria para a casa propriamente dita. No topo da pequena escadaria existe uma pequena estátua à virgem, à qual é tradição tocar no pé. Dentro da casa não é permitido tirar fotos, mas posso dizer que a casa é muito rústica e simples, com apenas um vestíbulo, a sala principal e mais uma pequena divisão. Perto da casa existe uma nascente de água, onde os peregrinos podem refrescar-se. É importante ressaltar que a virgem Maria não é importante apenas para os cristãos, mas também para os muçulmanos, existindo várias referências a ela no Alcorão.



Após meia-hora aqui, prosseguimos para Éfeso, onde nos separámos dos irlandeses, com a promessa de lhes enviarmos as fotografias tiradas. À entrada, tivemos que pagar mais 20 liras, como é costume em todos os sítios turísticos. Entrámos, e como não tínhamos guia para nos explicar a história do local, ficámos a ouvir a explicação do guia de um grupo de turistas. Nós estávamos à sombra e eles ao sol, portanto, quando se fartaram de estar ao sol e decidiram vir para a sombra, o guia veio falar comigo em turco, o que é um lugar comum, já que todos os que me conhecem pela primeira vez dizem que eu pareço turco (de Ankara ou Konya).



Depois de eu dizer que não éramos turcos, ele apenas perguntou qual era o nosso país e continuou a explicação. Quando acabou, fomos falar-lhe e ele foi muito simpático, e disse que podíamos seguir o seu grupo. A parte superior de Éfeso, que é a parte aristocrática, com os edifícios públicos mais importantes, como o parlamento, tem uma vista muito bonita da montanha à sua esquerda. O edifício que parece um teatro, é na realidade um parlamento, onde se reuniam os representantes dos cidadãos da cidade para a governar em democracia.



Em frente a este edifício existe uma rua bastante larga que atravessa toda a cidade, desde a parte alta até ao porto. Ao começarmos a descer, reparamos no templo a Atena-Nike à direita, e também uma pedra com o símbolo da farmácia (cobra enrolada num bastão), que, reza a lenda, tem a sua origem no tempo da Grécia Antiga.



Esta lenda conta que, os médicos gregos, quando não tinham sucesso a curar os seus doentes, ao fim de poucos dias, atiravam-nos de um penhasco. Ora, um doente pediu para ser abandonado na floresta, em vez de atirado, dizendo que as feras selvagens o matariam. Os médicos consentiram e, uma vez na floresta, encontrou um pouco de leite e viu uma cobra a deixar o seu veneno no leite. Convencido que, com tal bebida, teria uma morte rápida, apressou-se a beber. Porém, não só não piorou, como começou a melhorar, e um dia retornou aos médicos que o tinham tratado. Estes ficaram admirados com as melhoras deste homem, e foi assim que foi descoberto que o veneno das cobras pode ser utilizado para fabricar remédios, e assim surgiu o símbolo da farmácia.



De seguida passámos à Necrópole, que tem alguns túmulos grandiosos da aristocracia da cidade. Continuamos, sempre a descer, para a porta de Herakles, que possui a lenda de que quem tocar com as duas mãos em ambos os pilares obterá a força dele.



A partir desta porta, pode-se ver a rua principal, delimitada por colunas pertencentes a antigos templos, até à fachada da biblioteca, com a planície e a montanha em pano de fundo.



Continuando, chegamos ao pé do templo de Apolo, onde se pode ver uma escultura de um homem com o pé sobre o mundo.
Um pouco mais em baixo, podemos visitar os banhos, que são bastante complexos, com bastantes divisões. Um pouco mais à frente, vemos o templo de um imperador romano, que está bastante decorado, com cenas de guerra, uma cabeça de medusa e colunas da ordem coríntia.



Outro edifício interessante é o da Latrina, que é uma casa de banho pública, com canalizações e água corrente.



Mas, sem dúvida, o edifício mais imponente é o da biblioteca de Celso, que tem a fachada completamente restorada. Possui colunas da ordem coríntia, frisos escritos e estátuas em nichos na fachada, para além disto, o edifício é bastante alto, o que acresce à sua imponência. As colunas dos extremos têm um diâmetro menor do que as do meio, criando a ilusão de uma maior largura.



Daqui, passamos ao ginásio de Vedius, que é bastante grande, mas está quase abandonado e precisa de alguns restauros, por agora serve apenas de passagem da biblioteca até ao teatro.



O teatro é deveras imponente, muito maior do que o de Hierapolis, mas este último está muito melhor preservado do que o primeiro.



Deste teatro, que já sofreu bastantes trabalhos de renovação, parte uma rua até ao antigo porto. Na antiguidade clássica, esta cidade tinha um porto, mas depois de um aluvião ter escorrido pelo rio, a passagem para o mar ficou fechada e esta perdeu a sua importância.



Isto concluiu a minha visita a Éfeso, a seguir voltamos a Selçuk e daí a İzmir.

No domingo à noite fui ver um jogo de futebol de uma equipa local, que não joga no campeonato principal, mas tem muitos adeptos. A equipa chama-se Karşıyaka (KSK) e o jogo foi no estádio municipal, em Alsancak, que serve os três clubes de İzmir (KSK, Göztepe e Altay). O jogo, apesar de não ser entre os rivais KSK e Göztepe, foi considerado de alto risco, já que os adeptos do KSK são mesmo muito fanáticos. Fomos revistados duas vezes, uma ao chegarmos à zona do estádio e outra quando entrámos nele. Não era permitido levar garrafas de água nem moedas de metal. A equipa é fraquinha, e começou cedo a perder 1-0, mas antes de acabar a primeira parte conseguiu empatar, com um golo muito forçado e com muita atrapalhação. Na segunda parte conseguiram marcar mais um golo quase no fim, para alegrar um pouco os adeptos, visto que a exibição foi muito má. O melhor do clube são mesmo os adeptos, que não se sentaram um momento durante o jogo, estando sempre a entoar cantos de apoio à equipa. O que eu aprendi é Kaf Kaf Kaf, Sin Sin Sin, Kaf Sin Kaf Sin Kaf, que os adeptos de uma bancada cantam e os da outra repetem, sucessivamente. O amigo com quem eu fui é bastante fanático também e pagou-nos os bilhetes, a mim e ao brasileiro, e ainda me ofereceu um cachecol da equipa. A empatia entre equipa e adeptos é muito boa, e a equipa, no fim do jogo veio até perto deles agradecer o apoio e cantar com eles.

Wednesday, 17 September 2008

A Quinta Semana

Nesta semana continuaram os trabalhos no edifício como de costume, com a pequena diferença que agora está muito mais perto da conclusão. Sortudos dos turcos que vierem a viver no edifício D6, já que sob a minha (e do İlker) primorosa supervisão, o edifício está a ficar perfeito.



Foi uma semana muito importante também a nível pessoal, já que me confrontei com a necessidade de fazer uma coisa que nunca antes tinha feito e que andava a adiar fazer. Estou a falar da lavagem e passagem da roupa, como já devem ter adivinhado. O facto é que com a enorme quantidade de roupa que trouxe, até este ponto não tinha precisado de lavar nada, mas o caso mudou de figura com o fim do stock de roupa interior. Fui então até à lavandaria da Student Village e comprei duas moedas para lavar a roupa e as toalhas em máquinas separadas e a temperaturas diferentes. Introduzi a roupa, atestei o compartimento do detergente, escolhi a temperatura, fechei a porta e introduzi a moeda. A lavagem demorou meia-hora e no fim a roupa pareceu-me bem lavada, meti-a nos sacos e estendi-a a secar no quarto, apenas possível porque não tenho companheiro de quarto. Ficou a secar e no dia seguinte à noite aventurei-me a passá-la, o que não foi pequena façanha, já que estamos a falar de roupa de 4 semanas.



Durante esta semana conheci o encarregado da segurança do edifício onde agora temos o escritório, o Kenan, que é Psycho, nas suas próprias palavras. Contou-me que, ao ouvir a música do Müslüm Baba ficava doido e se cortava nos braços com uma gilette. Ao princípio não acreditei, mas então ele levantou a t-shirt e vi uma cicatriz enorme ao longo de toda a barriga, feita por uma lâmina. Mas apesar de ser um pouco doido, é boa pessoa, ensinou-me a jogar ao Pişti e ao Papaz e eu ensinei-lhe a jogar à bisca dos nove. Tudo isto com uma pessoa que não fala um mínimo de inglês. Confesso que quando lhe ganhei à bisca ele ficou um bocado agitado e pensei que fosse experimentar a sua técnica com a gilette em mim, mas ele acabou por se acalmar.



No fim da semana, o İlker convidou-me a mim e ao Özgür para irmos comer o İftar (jantar depois de fazerem jejum durante o dia) com ele e os pais, que nos queriam conhecer. Aprendi umas expressões novas para dizer, como tratar os pais dele, o pai posso tratar por Baba e a mãe por Teize e como dizer muito prazer em conhecê-lo. Os pais dele receberam-me muito bem e acho que gostaram de mim. Mas não foi chegar e começar a jantar, apesar de já estar quase pronto, tivemos que esperar pelas 19:45 para a mesquita começar a cantar e podermos comer. A espera foi difícil, já que a comida estava pronta, tinha bom aspecto e cheirava muito bem. O jantar foi muito bom (çok güzel), mas eles ficaram a pensar que eu não tinha gostado, já que comia muito devagar, assim, tive que lhes explicar que o costume em Portugal era comer devagar e saborear bem a refeição quando esta é muito boa e temos tempo. A seguir comemos uma sobremesa tradicional, o Tulumba e mais tarde ofereceram-nos mais uma sobremesa composta por frutos. Este serão não foi muito longo, porque o Özgür mora longe da casa do İlker e o sábado é dia de trabalho para eles.



Levaram-me a casa e fui deitar-me cedo, porque no dia seguinte tinhamos combinado ir a Éfeso.

Sonra gorüşüruz

Tuesday, 16 September 2008

O Quarto Fim de Semana

Este fim de semana foi passado em İzmir, já que era o último fim de semana que as nossas guias iam estar cá antes de irem passar férias. Needless to say, este fim de semana começou na sexta-feira à noite, em que fomos ao Kordon em Konak. Este é o lugar mais famoso, popular e caro da cidade, mas também é o único que conhecemos em que se pode fumar Nargile e beber cerveja ao mesmo tempo.



O Nargile é famoso como sendo o que se consome quando se vai a um café para conversar com os amigos. É um cachimbo de água, que é partilhado por todos, enquanto se conversa. Existem muitos sabores à escolha, maçã, pêssego, etc.... Devo dizer, que pela minha experiência não foi mau, mas também não fiquei fã ao ponto de querer fumá-lo de novo. As cervejas geladas e o Nargile alegraram-nos o espírito e de seguida andámos a pé, pela beira-mar, até aos jardins de Alsancak, onde nos sentamos a conversar mais um pouco. De volta à Student Village, preparei um midnight snack com o salpicão que a minha avó me tinha dado na última vez que fui à terrinha. Eles gostaram, e até uma das guias provou e gostou, apesar de ser muçulmana, tendo, muito embora, dito que não era a melhor carne que já tinha provado.
No dia seguinte estava a planear ir às comemorações do dia da libertação, mas devido ao adiantado da hora em que me fui deitar, não me foi de todo possível comparecer. Estas comemorações, contaram-me, acontecem no estádio Atatürk e são compostas por desfiles de escolas e militares. À noite fomos jantar todos juntos, eu, o Maomé, o Nelson, a Yasemin e a Şeyma Gürcü ao Mac e BK, estranha escolha para a noite da despedida da Jasmim. Comemos, conversamos e voltamos à Student Village para ela se acabar de preparar, e depois fomos todos despedir-nos dela.


Sonra gorüsürüz

A Quarta Semana

Nesta semana, tivemos que empacotar tudo e mudarmo-nos para o nosso novo escritório no edifício B3, já que o edifício em que nós estávamos (LSF) ia ser desmontado e levado para o outro construction site. Esta mudança, note-se, não foi para melhor, já que o LSF era maior, tinha redes mosquiteiras, internet, ar condicionado e o Ahmet para nos trazer chá sempre que quisessemos.



A semana decorreu normalmente, com o extenso uso das botas de biqueira de aço a produzirem os seus efeitos sob a forma de bolhas nos meus pés, mas à parte disto, tudo decorreu dentro da normalidade. Inspeccionar os apartamentos, produzir relatórios e verificar reparações é o pão nosso de cada dia aqui.



Aproveitei esta semana, também, para aprender mais algumas coisas acerca da história recente da Turquia, já que se aproximava o feriado mais importante do calendário deles, o dia da libertação (31 de Agosto). Na primeira guerra mundial, o império otomano aliou-se à Alemanha, que veio a perder a guerra, e depois do fim, os vencedores decidiram repartir entre si a Anatólia. Perante a inacção do governo otomano, um militar se ergueu para libertar a Turquia dos invasores, de seu nome Mustafa Kemal Atatürk. Lutando contra os gregos, ingleses, franceses, russos e até mesmo contra o próprio governo otomano, logrou a vitória final no dia 31 de Agosto de 1923. A república turca foi proclamada, e os tratados assinados pelo governo otomano renegociados. Atatürk renovou completamente a sociedade turca, introduziu a democracia, deu o direito de voto às mulheres, mudou o alfabeto oficial do arábico para o latino, proibiu o Fez (chapéu tradicional associado ao atraso otomano), etc.... A libertação de İzmir deu-se no dia 9 de Setembro de 1923, quando os turcos atiraram os gregos ao mar.
Durante as conversas que tivemos para discutir isto, notei também um hábito que eles têm, que é o de conversarem meia-hora entre eles em turco e depois quando chegam a uma conclusão apenas me dizem yes ou no. Um pouco estranho, visto que depois de meia-hora de conversa, estava à espera de algo mais que um simples yes.
Comprei uma bandeira turca, que levei para o trabalho, visto que no nosso novo escritório não havia nenhuma e o ambiente estava pouco patriótico. Eles adoraram a bandeira e ainda mais quando eu disse Ne mutlu Türküm Diyene, que significa, quanto me alegro de ser turco. E a verdade é que da maneira como eles me acolheram, bem que já podia passar por turco.


Sonra gorüsürüz

Monday, 15 September 2008

O Terceiro Fim de Semana

No terceiro fim de semana decidimos ir a Pamukkale, lugar famoso pelas suas formações calcárias na montanha, que lhe dão o aspecto de algodão. Como a viagem demora três horas, decidimos dormir num hostel e ficar dois dias. A viagem decorreu sem incidentes, apanhamos um autocarro para Denizli e depois um minibus para Pamukkale.



Fomos muito bem recebidos no hostel, pela dona que nasceu na Alemanha mas é de ascendência turca. Ela explicou-nos como chegar à entrada da montanha e recomendou-nos uma viagem a Afrodisias, uma antiga cidade grega. Colocamos as nossas coisas no quarto e saímos para dar um mergulho na piscina. Ao almoço experimentamos Et Kavurma, que nos foi apresentado como sendo Şiş Kebap.



Por volta das 15h decidimos ir à montanha, que fica a quinze minutos a pé do hostel. Até de longe a montanha é impressionante, toda coberta de branco, parece-se realmente com um castelo de algodão como o significado do nome. Ao começar a subir, temos que nos descalçar para não desgastar tanto a rocha. Ao longo da subida existem algumas piscinas, que, apesar de não serem naturais, foram feitas durante os anos 80 depois do desgaste intenso das originais pelos turistas, são muito agradáveis e têm água proveniente da nascente natural. Continuando colina acima chegamos às piscinas naturais, que estão interditas ao público, mas não têm nenhuma barreira física até elas, apenas os guardas com apito.



No topo da colina encontra-se a antiga cidade grega de Hierapolis que foi construída para tirar partido dos poderes curativos da nascente e da beleza da encosta. Esta cidade foi composta por uma necrópole, banhos que posteriormente se transformaram numa basílica cristã, um teatro suburbano, duas portas monumentais mandadas construir por Frontino, uma latrina, um Ninfeu dos Tritões, uma Ágora, a larga e recta via principal de Frontino que une as suas duas portas, um templo a Apolo, um grande teatro, os banhos principais onde agora se ergue o museu e um ginásio. De salientar também que foi aqui que se deu o martírio de São Filipe (ou pelo menos é o que afirmam os turcos). O estudo e a recuperação dos achados estão a cargo de uma missão arqueológica italiana, fundada em 1957 pelo prof. Paulo Verzone.



O mais impressionante de todo este património é o teatro, que está muito bem conservado e já foi, em certa medida, restaurado. Este foi construído em fins do século I a.C., princípios do I d.C., com base na ordem dórica, mas ao longo do tempo foi melhorado e modificado, tendo até sido construída uma piscina no lugar da orquestra para possibilitar a realização de espectáculos aquáticos. Os lugares, à medida que se vão afastando do palco, estão cada vez mais próximos e mais altos, de modo a melhorar a visão e acústica. Na boca de cena podem-se observar estátuas a Apolo e Artemis.



A basílica cristã, convertida a partir de banhos no século VI, é majestosa, com os seus grandes arcos, e, no tempo em que foi usada, teria paredes estucadas e pavimento de lajes de mármore. À volta desta, erguem-se os túmulos da Necrópole, alguns pagãos e outros cristãos.



A porta de Frontino e a sua rua também são imponentes, tendo a primeira três grandes arcos e duas torres e a segunda sento bastante larga e pavimentada. Ao longo desta rua encontram-se os edifícios mais importantes, como a Ágora e a Latrina.



À noite, o espaço transforma-se completamente, o pôr-do-sol é verdadeiramente magnífico e as piscinas de travertino mudam a sua cor para um cor-de-rosa tingido pelo sol poente. Os espaços estão muito bem arranjados, com jardins e pavimentos de pedra ou madeira.



Quando chegamos ao hostel, jantamos e dormimos, tendo decidido não ir a Afrodisias no dia seguinte, já que era muito caro e já tinhamos planeado ir a Éfeso.



No dia seguinte voltamos para İzmir após o pequeno-almoço e saímos à noite.



Como devem ter reparado pelas fotos, este fim-de-semana foi patrocinado pela TMN (mais perto do que é importante), à qual já mandei a conta e estou à espera de receber.

A Terceira Semana

A terceira semana começou bem, tendo ido na segunda-feira ao sítio onde vai começar uma nova obra da SOYAK, Karşıyaka Houses. Este projecto ainda não começou, mas está previsto começar em breve. Por enquanto, apenas têm os edifícios construídos em LSF dos escritórios e das vendas. Se este projecto começar enquanto aqui estiver, disseram-me que, serei transferido para lá, onde poderei trabalhar na área da qual mais gosto (geotecnia, para os mais distraídos).



Preparamos (eu e o İlker) um relatório completo com fotografias para as empresas sub-contratadas acerca das reparações que ainda têm de ser feitas.
Observei a limpeza da piscina com um produto que provoca a precipitação das impurezas contidas na água, para que depois possam ser facilmente aspiradas do fundo.



Aprendi também algumas coisas acerca das árvores que chegam à obra, que me pareciam um pouco secas. A Emre, responsável pela componente paisagística da obra, explicou-me que era normal assim ser, que se devia ao período de transporte destas, que, normalmente, demoram entre dois e três dias a chegar. E, o facto de elas serem tão altas também contribui para a demora da água e os nutrientes chegarem a toda a árvore.



Mais para o fim da semana, pude observar a desmontagem dos armazéns da logística, construídos em LSF.
Por fim, na sexta-feira provei uma especialidade da Turquia, o Kokoreç, que é composto por tripas de cabrito enroladas num espeto e assadas com brasas. Pela descrição pode não vos ter crescido água na boca, mas garanto-vos que é muito bom.